LETRAMENTO DIGITAL

domingo, 7 de novembro de 2010

Folclore

Por Rafael Vasconcelos           

 Muito já se ouviu em Folclore, sabe-se que se trata de um gênero da cultura popular, constituído pelos costumes e pelas tradições populares que foram transmitidas de geração em geração. São histórias, mitos ou lendas que vem sendo lembrado durante anos.

            Antes dos irmãos Green os contos de fadas, por exemplo, eram histórias criadas pela a população de um determinado povoado com o intuito de levar valores morais as crianças através dos contos. As histórias eram contadas e recontadas oralmente, a cada cultura ela sofria modificações. Não se sabe ao certo qual seria a versão original, uma vez que elas foram contadas e recontadas durante séculos, até que os Irmãos Green decidiram então registrar os contos, restringindo a partir de então a criatividade do coletivo. As histórias passaram a serem recontadas de acordo com o registro do livro. Com o passar dos anos o estúdio cinematográfico Walt Disney se consolidou através das releituras destes contos de fadas, ficando então na memória do mundo todo.

            A Bela Adormecida que na oralidade engravidara do próprio pai e o seu sono não passou de uma noite de refúgio que se desfez com o surgimento de um homem que a salvou do mundo obscuro a que vivia, com os estúdios Disney passou a ser uma bela princesa enfeitiçada que só acordaria de um sono profundo com o beijar do príncipe encantado. A Chapeuzinho Vermelho que fora criada na oralidade para passar a mensagem do certo e errado com uma carga excessiva de sexualidade no conto, como por exemplo, na passagem em que a garota pergunta sobre o tamanho da boca do lobo ao qual tem como resposta, “é para te comer melhor”, esta frase conota o ato sexual em si que com o passar dos tempos virou uma simbologia quase que despercebida aos ouvidos das crianças. Tal história hoje carrega valores morais, como não desrespeitar os pais, por exemplo. Cinderela que na oralidade a perda do sapatinho representava a perda da virgindade da menina que se tornara mulher, com a produção Disney passou a ser apenas um elo de amor entre o príncipe e a borralheira.

            As tradições “contos” orais se modificam de acordo com a cultura que a acolhe, mas ainda assim ela dificilmente cai no esquecimento. Como, por exemplo, os mitos que vovó contava e passava aos nossos pais que repassou a nós e que levamos tais superstições adiante. Cada história trás consigo um objetivo, seja ele ético ou moral. Vários exemplos podem ser citados, porém destacarei alguns que pude ouvir ao longo desses anos e que consequentemente não caiu no esquecimento uma vez que tais mitos populares continuam sendo passados adiante.


·         Muito ouvi mamãe dizer que as unhas tanto dos pés quanto das mãos, não podiam ser cortadas à noite porque o Diabo levava nossas almas enquanto dormíamos. Tal folclore surgiu a partir dos escravos que na época da escravidão, que sempre que seus colonos cortavam as unhas elas os aguardavam adormecer para recolherem suas unhas para que pudessem fazer feitiços de vingança. Influência do Voodo e do Candomblé, este segundo ainda muito presente na cultura popular contemporânea.
·         Ainda na época da escravidão, era comum encontrar escravos com uma das pernas amputadas por tentativa de fuga, se agonizando nos bambuzais dos territórios da fazenda de seu Sinhô. Esta é uma possível e a mais aceitável versão do surgimento da história do Saci Pererê que se estende até os dias atuais e não é raro encontrar uma pessoa mais velha dizendo que é nos bambuzais que os sacis residem.
·         Uma história muito contada entre os mais velhos é também o conto da Vitória Régia, planta típica do Amazonas que se abre ao anoitecer. Tal justificativa para este “abrir” da planta ao anoitecer veio através da história de que uma índia toda noite ia à beira do lago e que certa noite apaixonou-se pela lua. Todas as noites ela voltava para enamorar o que ela então não sabia que se tratava do reflexo da lua na água, até que numa bela noite ela decide abraçar “seu amado” e morre afogada. Diante de tanto amor uma magia acontece e a índia se transforma em Vitória Régia, uma planta que se abre ao anoitecer e que sobrevive apenas nos rios.
·         O velho dito popular dos calçados virados de cabeça para baixa, também é uma herança dos tempos de escravidão. Os escravos acreditavam que o calçado que é a base do ser humano uma vez que estivesse com a parte superior voltada para baixo, era sinal de que a vida do dono do calçado viraria de cabeça para baixo e podendo assim atrair a morte.

Há tantos outros mitos recontados até hoje que não se sabe a origem, como por exemplo, por uma vassoura atrás da porta para que a visita indesejada vá embora. Passam-se os anos os mitos são recontados através dos mais antigos. Hoje temos como referências nossos avós e pais, amanhã nós seremos a referência para filhos e netos e assim tais folclores serão repassados de geração a geração.

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